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Josias de Souza

PSDB insinua que o ministro da Justiça acobertou Rosemary, ‘íntima de Lula'

Josias de Souza

27/02/2016 02h56

A guerra política entre tucanos e petistas chegou aos lençóis. Em resposta à notícia de que a Polícia Federal abriu inquérito sobre as relações monetárias de Fernando Henrique Cardoso com a ex-amante Mirian Dutra, o PSDB pediu a cabeça do ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça). Acusou-o de perseguir FHC por inspiração do PT e de se omitir no cumprimento de suas atribuições para proteger a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, que privava da intimidade de Lula.

Em nota oficial, o deputado Carlos Sampaio (SP), coordenador jurídico e vice-presidente do PSDB, anotou: "Em recentes episódios envolvendo Rosemary Noronha, pessoa da relação íntima de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem pesa investigações por desvio de recursos públicos, a omissão do Ministério da Justiça foi aviltante, principalmente quando se constata que era e é da responsabilidade do ministro agir contra atos que importam práticas ilícitas de agentes públicos.

Para o PSDB, "não há, até o momento, um único fato que possa, mesmo em tese, configurar conduta criminosa" por parte de FHC. O inquérito foi aberto a pedido de parlamentares. O tucanato sustenta que a pressa de Cardozo contrasta também com o que o partido chama de "gritante omissão" da pasta da Justiça em relação à Operação Lava Jato. Vai abaixo a íntegra da nota assinada por Sampaio:

A gritante omissão do Ministério da Justiça desde o início da operação Lava Jato contrasta, agora, com a atuação forte do Ministro José Eduardo Cardozo em apressar a abertura de um inquérito policial contra o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso por questões de natureza exclusivamente pessoal.

Não há, até o momento, um único fato que possa, mesmo em tese, configurar conduta criminosa por parte do ex-Presidente a justificar a investigação.

A hipótese levantada de evasão de divisas é inacreditável, pois de todos os fatos narrados por Miriam Dutra restou claro que jamais ocorreu remessa ilícita de recursos ao exterior, mas sim pagamento de valores a título de contribuição para sustento do filho da jornalista, cuja paternidade foi reconhecida por Fernando Henrique Cardoso.

Em recentes episódios envolvendo Rosemary Noronha, pessoa da relação íntima de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem pesa investigações por desvio de recursos públicos, a omissão do Ministério da Justiça foi aviltante, principalmente quando se constata que era e é da responsabilidade do Ministro agir contra atos que importam práticas ilícitas de agentes públicos.

Neste contexto, o PSDB, finalizando, registra que já não há mais dúvidas de que o Ministro José Eduardo Cardozo se tornou instrumento de atuação política do Partido dos Trabalhadores, perdendo sua legitimidade para continuar no cargo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.