Até líder tucano critica pedido de prisão de Lula
"Ao requerer a prisão de Lula, os promotores estão banalizando uma providência judicial muito grave", disse o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), ao comentar o pedido feito pelo Ministério Público de São Paulo. "O país vive um momento grave, que exige responsabilidade. Trata-se de um ex-presidente da República. Nada impede que seja investigado. Mas Lula é primário, tem residência fixa e não consta que esteja planejando fugir do país. Qual é a razão para prendê-lo?"
A reação do senador oposicionista dá ideia do tamanho do tiro que os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo podem ter dado no próprio pé. A troica requereu a prisão do morubixaba do PT sob a alegação de que é preciso garantir "a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal." Com esses fundamentos, ofereceram matéria-prima para Lula renovar o discurso de vítima e desqualificar o trabalho da Promotoria.
A preocupação dos promotores com a "ordem pública" chega num instante em que o PT e a CUT pedem aos seus devotos que evitem causar encrencas nas manifestações anti-Dilma programadas para domingo.
Falar de "instrução do processo" depois que a denúncia foi protocolada na Justiça não faz nexo. A Lava Jato acaba de realizar batidas de busca e apreensão nos endereços de Lula e de seus familiares. O material recolhido está à disposição dos promotores paulistas. A essa altura, parece improvável que ainda existam provas passíveis de destruição.
Quanto à "aplicação da lei penal", a punição de Lula e dos outros denunciados pelo Ministério Público depende sobretudo da qualidade da denúncia. Nessa matéria, o pedido de prisão ajuda pouco. E pode atrapalhar um bocado. Lula se esforça para emplacar a tese segundo a qual os promotores não são imparcias. Com o pedido de prisão, Conserino, Blat e Araújo facilitaram-lhe a vida.
"Não estão presentes os fundamentos que autorizam o pedido de prisão preventiva", insiste o tucano Cunha Lima. "Vivemos um momento incomum na vida nacional. É preciso ter prudência."
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