Temer fala de quase tudo, menos de Lava Jato
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Há quatro meses, quando endereçou a Dilma Rousseff uma carta-rompimento —"Sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã—, Michel Temer deixou claro que, mais do que jogar óleo na pista, desejava assumir o volante. Hoje, ao "vazar" um pronunciamento antecipado de posse, o vice-presidente revelou seu itinerário. Afora a extemporaneidade, o discurso espanta pelo que deixa de dizer. Temer falou de quase tudo, só não falou de Lava Jato.
Temer é um orador cuidadoso. Não diz um "bom dia" sem pensar dez vezes. Portanto, não mencionou a Lava Jato porque não quis. Ou não pôde. Temer está cercado de suspeitos. Em algum momento terá de dizer como pretende se relacionar com eles.
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O PMDB impregnou a linha sucessória do país de suspeição. A conversão de Temer em presidente da República fará de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, o número dois da República. Renan Calheiros, presidente do Senado, será o número três. O primeiro é réu na Lava Jato. O segundo responde a nove inquéritos no STF.
Na semana passada, Temer licenciou-se da presidência do PMDB para repassar o posto ao primeiro vice-presidente da legenda, o senador Romero Jucá. Que também está encrencado na Lava Jato.
Ao discorrer sobre o futuro, Temer disse em seu pronunciamento: "Sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o país da crise. O fundamental agora é o diálogo, em segundo lugar a compreensão, e em terceiro lugar, para não enganar ninguém, ideia de que vamos ter muitos sacrifícios pela frente…"
No Brasil de hoje, o futuro à Lava Jato pertence. Qualquer pessoa que pretenda assumir a Presidência da República, para "não enganar ninguém", precisa dizer se pretende propor "diálogo" a quem precisa de interrogatório e "compreensão" a quem flerta com a prisão.
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