Criticado por fisiologismo, Temer pede compreensão a tucanos: ‘É transição'
Em almoço oferecido à cúpula do PSDB, Michel Temer ouviu críticas ao modelo fisiológico de composição do seu ministério. Foi aconselhado a adotar novas práticas. Respondeu que, embora concorde com as ressalvas, não tem como proceder de maneira diferente. Alega que, num "governo de transição", não há como promover mudanças abruptas.
Foram à mesa do Palácio do Jaburu, além do anfitrião, o futuro ministro Geddel Vieira Lima, coordenador político de Temer, o presidente do PSDB, Aécio Neves, e os líderes da legenda no Congresso: Cássio Cunha Lima (Senado) e Antonio Imbassahy (Câmara). Os tucanos insinuaram que o governo do substituto constitucional de Dilma está ficando a cara da gestão que está prestes a ser afastada.
Numa tentativa de se diferenciar de legendas como o mensaleiro PR e o petroleiro PP, o PSDB informou a Temer que não indicará nomes para o ministério. O trio tucano entregou ao provável futuro presidente uma plataforma com 15 propostas de reformas. Coisa ambiciosa, conforme já comentado aqui. Aécio, Cássio e Imbassahy esclareceram que o apoio congressual do partido não está condicionado à ocupação de ministérios.
"No presidencialismo, quem monta ministério é o presidente da República", disse Cássio a Temer durante o repasto. "Queremos fortalecer as suas prerrogativas, prosseguiu o líder tucano no Senado. Nosso apoio está garantido. Mas não está escrito em lugar nenhum que, para apoiar governo, tem que ter ministério."
Ouvido pelo blog depois do almoço, Cássio ecoou a preocupação manifestada pelo tucanato em reunião da Executiva do partido, realizada na manhã desta terça-feira. "O que nos preocupa é a baldeação de um governo que termina de forma melancólica para um outro governo que pode começar de forma muito triste."
Temer recebeu a plataforma do PSDB. Disse concordar com ela. Reiterou o pedido de compreensão diante do ministério aparelhado e convencional que está prestes a anunciar. Sente-se agora liberado para incluir na sua equipe dois tucanos: José Serra, no Ministério das Relações Exteriores. E um outro para a pasta das Cidades, provavelmente o deputado pernambucano Bruno Araújo.
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