Gestão Temer enfrenta primeiro teste legislativo
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Decorridos 11 dias do início do seu governo provisório, Michel Temer será submetido nesta semana ao primeiro grande teste legislativo. Vai a voto no Congresso a proposta de revisão da meta fiscal do governo para 2016. Em vez do buraco de R$ 96,7 bilhões previsto por Dilma Rousseff, o presidente interino pede aos congressistas que avalizem uma cratera de R$ 170,5 bilhões, reconhecendo que o déficit nas contas do governo é 76,3% maior do que se imaginava. Qualquer resultado que não seja uma aprovação por maioria avassaladora será um vexame para Temer na largada.
Na sua relação com os partidos, o incipiente governo Temer compôs um ministério convencional. As circunstâncias sonegaram ao substituto constitucional de Dilma a tentação do salto alto. Pisou direto na lama. Iniciou o loteamento da Esplanada dos Ministérios antes mesmo do afastamento de madame. E só por isso amanheceu presidente interino no último dia 12 de maio. Temer deu a mais não poder. Agora, precisa receber, para que a temeridade de incluir suspeitos e nulidades no primeiro escalão do seu governo se revele rentável na contagem dos votos dos parlamentares em plenário.
Em tese, a nova oposição é feita apenas de PT, PCdoB e PDT. Foi o que restou do antigo bloco governista. O resto do conglomerado, incluindo o núcleo sujo da Lava Jato, rolou suavemente da administração petista, como um novelo de lã, para dentro do governo-tampão de Temer. A coreografia da troca de comando foi completada pela adesão dos neogovernistas do PSDB, do DEM e do PPS. O pressuposto é que o balé de elefantes assegurará à nova gestão uma rotina legislativa sem sobressaltos. Algo que permita ao governo Temer ostentar uma funcionalidade que a gestão Dilma havia perdido.
Busca-se a retomada da normalidade num cenário em que vigora a mais perfeita anormalidade. Na Câmara, ocupa a cadeira de presidente um interino precário: Waldir Maranhão (PP-MA). Trata-se de um deputado-marionete, cujos fios são puxados por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente que, afastado pelo STF, governa a Câmara desde o exílio dourado da residência oficial, com toda a mordomia que o dinheiro público é capaz de pagar. No Senado e nas sessões conjuntas do Congresso, comanda o espetáculo Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo de 13 inquéritos no STF, nove dos quais relacionados à Lava Jato.
É contra esse pano de fundo que Michel Temer, correligionário de Cunha e Renan, tenta convencer o país de que o Brasil será retirado do buraco por uma caravana puxada pelo PMDB —partido que ajudou a cavar o fosso e que frequenta o noticiário como sócio do PT na pilhagem que vitimou o Estado. A proposta de revisão do tamanho do buraco chegará ao Congresso nesta segunda-feira. O próprio Temer deve levá-la. Espera-se que seja votada imediatamente na Comissão de Orçamento, para que o plenário do Congresso possa referendá-la na terça-feira.
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