Temer combinou previamente que amigos incômodos deveriam pedir afastamento
Na fase de montagem do ministério, Michel Temer reuniu os amigos para definir o posto que cada um ocuparia no seu governo provisório. Nesse encontro, firmou-se um entendimento prévio: auxiliares que se complicassem em casos de corrupção deveriam tomar a iniciativa de se afastar dos respectivos cargos, evitando constrangimentos ao presidente interino. Auxiliares de Temer cobraram de Jucá que colocasse em prática o que foi combinado. E o ministro viu-se compelido a pedir licença do ministério. A partir desta terça-feira, Jucá estará licenciado por prazo indeterminado.
A licença não foi a primeira opção de Jucá. Abalroado pela gravação em que sugere um pacto para deter a Lava Jato (leia aqui e aqui), Jucá não se dera por achado em entrevista que concedera no final da manhã desta segunda-feira. Afirmara que cabe ao presidente nomear e demitir ministros. "Não vejo nenhum motivo para eu pedir afastamento, me sinto muito tranquilo", dissera Jucá. "Vou aguardar uma decisão do presidente Michel Temer. Não me sinto atrapalhando o governo."
Na conversa de Temer com seus amigos, antes da nomeação dos ministros, Jucá havia sido inquirido sobre a Lava Jato e suas relações com a Odebrecht. Dias antes, escalara as manchetes uma planilha apreendida pela Polícia Federal na casa de um executivo da construtora. Nela, os nomes de Jucá e de outros senadores do PMDB foram associados a apelidos e cifras. Ao lado do nome de Jucá, apelidado de "cacique", foi anotada a cifra de R$ 150 mil, supostamente repassada ao então senador por baixo da mesa.
Dizendo-se tranquilo quanto ao desenrolar das investigações, Jucá afirmara durante a reunião com Temer que não enxergava nenhum impedimento para participar da nova administração. Entre risos, disse que só não admitia ser líder do governo no Senado. Já atuou como líder dos governos FHC, Lula e Dilma. E receava virar motivo de "piada". Coube a Jucá a estratégica pasta do Planejamento.
Decorridos 12 dias da posse, uma gravação caiu sobre a cabeça de Jucá como um pedaço de laje. Veio de onde menos se esperava. O correligionário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, negocia um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.
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