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Josias de Souza

CCJ adiou votação de manobra que abre caminho para livrar Cunha de cassação

Josias de Souza

07/06/2016 16h07

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) desistiu de votar nesta terça-feira (7) a manobra que abre caminho para livrar Eduardo Cunha da cassação do mandato. O PSDB declarou que obstruiria a sessão. Foi acompanhado por outros quatro partidos: DEM, PT, PCdoB e até o PR, que costuma ser condescendente com Cunha.

Sem condições políticas de votar, o deputado que presidia a sessão, Covatti Filho (PP-RS), decidiu adiar a deliberação. A volta da encrenca à pauta está condicionada a uma reunião que os líderes dios partidos na CCJ terão nesta quarta-feira (8). "Nossa obstrução funcionou", celebrou o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE).

O parecer cuja votação foi adiada é assumido pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), investigado na Lava Jato e membro da infantaria de Cunha. Ele respondeu a uma consulta formulada pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, outro encrencado no petrolão que guerreia na tropa de Cunha.

Lira deu às perguntas formuladas no questionário encampado por Maranhão as respostas que interessam a Cunha. "Depois da votação no Conselho de Ética, o que o plenário [da Câmara] deve analisar? O projeto de resolução ou o parecer?", indagou Maranhão. Lira respondeu que vai a voto um projeto, não o parecer.

"Na análise do projeto de resolução, cabe emenda de plenário?" A resposta de Lira foi positive: sim, cabe emenda. Desse modo, ainda que o Conselho de Ética aprove a cassação de Cunha, seus aliados podem propor em plenario uma pena mais branda: a suspensão do mandato por três meses.

"As emendas podem prejudicar o presidente afastado Eduardo Cunha?" Nesse ponto, a resposta de Lira foi negativa. Só serao admitidas emendas que favoreçam o acusado, sob pena de violar o princípio da ampla defesa, disse o deputado.

"Rejeitado o projeto de resolução do Conselho de Ética, pode ser votada a representação dos partidos ao conselho que também pede a cassação do mandato de Cunha?" Claro que não, respondeu Lira. Havendo a rejeição do projeto, a acusação vai ao arquivo. Cunha livra-se da guilhotina. E não se fala mais nisso.

Mais cedo, o Conselho de Ética da Câmara também adiou para esta quarta-feira a votação do parecer que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha. O adiamento foi anunciado num instante em que havia a perspectiva de rejeição do pedido. Dona do voto considerado decisivo, a deputada Tia Eron (PRB-BA) não deu as caras. Votaria no lugar dela o suplente Carlos Marum (PMDB-MS), soldado de Cunha. Com isso o placar seia de 11 a 9, contra a cassação.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.