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Josias de Souza

Geddel: ‘Não, me aquecia na casa da sua mãe’

Josias de Souza

07/06/2016 02h06

Conhecido pelo temperamento explosivo, o ministro Geddel Vieira Lima, coordenador político do Planalto, explodiu numa resposta postada no Twitter. No domingo (5), em entrevista às repórteres Simone Iglesias e Júnia Gama, Geddel dissera que não receia virar alvo da Lava Jato: "Eu sei o que fiz no verão passado."

Um internauta chamado Jackson Vasconcelos cutucou o ministro: "E no inverno, outono e primavera? Foi solidário com Eduardo Cunha?". O auxiliar de Michel Temer entrou em processo de combustão instantânea: "Não, me aquecia na casa da sua mãe", respondeu.

Vasconcelos voltou à carga: "Ficou nervoso? Você é que disse na entrevista que visitou o deputado Eduardo Cunha para se solidarizar com ele…" Geddel não se deu por achado: "Aqui, as pessoas acham que têm o direito de dizer o que querem. E não querem ouvir. Sou tuiteiro antigo", escreveu, em resposta a outro internauta.

Na entrevista que motivou o rififi eletrônico, Geddel respondera a perguntas sobre uma visita que havia feito a Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara, na quarta-feira da semana passada.

O ministro dissera: "Fui ao Eduardo Cunha fazer uma visita de cortesia e de solidariedade. Foi afastado da presidência da Câmara e eu não tinha estado com ele ainda. Achei que era meu dever fazer uma visita de solidariedade. Não fui encontrá-lo em nenhuma cafua ou pé de escada. Fui encontrá-lo na casa dele exatamente para que vocês soubessem e não dar nenhuma conotação de sigilo ou de segredo. Tem gente que vai ver a Dilma no Palácio da Alvorada, e eu achei que era meu dever encontrar um ser humano e prestar minha solidariedade no momento de dificuldade que ele está. Foi uma visita de dez minutos, não conversei política nem nada."

Não é ruim para o governo ter um ministro visitando Cunha, que é réu na Lava-Jato?, perguntou-se a Geddel. "Ruim por quê?", ele indagou. "Você acha que se eu fosse amigo do José Dirceu eu teria algum constrangimento de visitá-lo ainda que ele estivesse preso? Ruim é a covardia, ruim é escamotear. Eu faria isso com qualquer pessoa."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.