Temer fala sobre quase tudo, menos corrupção
Temer levou às páginas da Folha, neste domingo (24), um artigo sobre o seu governo e o futuro do país. Utilizou 643 palavras. Falou sobre quase tudo, só não mencionou a corrupção. Admitindo-se que há sobre a mesa pelo menos duas grandes crises —a econômica e a ética—, uma conclusão se impõe: Temer ignorou metade do problema.
A "meta prioritária", escreveu Temer, é combater "o desemprego que afeta quase 12 milhões de brasileiros." Insere-se nesse esforço a obtenção da "rigidez nas contas públicas". Logo, logo a produção e os investimentos serão reativados, acredita Temer. "Como, aliás, já detectam as pesquisas de opinião, todas sinalizando o resgate da confiança dos agentes econômicos e dos consumidores."
Temer se refere à sondagem do Datafolha que detectou um salto nas expectativas dos brasileiros quanto ao futuro da economia do país e à sua situação pessoal (veja aqui). O diabo é que a mesma pesquisa revelou que 32% dos brasileiros citaram espontaneamente a corrupção como o principal problema do país —à frente da área da saúde (17%), do próprio desemprego (16%), da segurança (6%) e da educação (6%).
O governo provisório de Temer sustenta-se sobre dois pilares de aparência contraditória. Acena com a restauração da responsabilidade fiscal e da racionalidade monetária. Simultaneamente, apoia-se numa base parlamentar fisiológica. Nesse contexto, falar sobre o futuro radioso sem citar a corrupção é como citar a beleza plástica de um vulcão sem mencionar que ele cospe lava quente de vez em quando.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.