Temer usa o filho em ação de marketing pessoal
Michel Temer protagonizou nesta terça-feira uma cena inusitada. Acompanhado da mulher, Marcela Temer, e de um séquito de assessores e seguranças, o presidente interino foi buscar o filho Michelzinho na escola. Visto de longe, foi o gesto delicado de um pai zeloso. Observado de perto, foi a movimentação temerária de um político que, no afã de tornar-se popular, não poupa nem a privacidade do filho.
O deslocamento de Temer foi comunicado com antecedência aos jornalistas. Ao chegar, o pai de Michelzinho, de 7 anos, acenou para filmadoras e máquinas fotográficas. Ao sair, foi abalroado pela pergunta de uma repórter: virá buscar o filho todos os dias? Temer soou conciso: "Só hoje." O repórter Gustavo Uribe testemunhou o incômodo de outros pais com a azáfama que se formou defronte da escola. "Por que vocês não vão atrás dos corruptos? É apenas uma criança!", afirmou uma mãe de aluno.
Num país em que João Santana, o mago da marketing petista, está preso em Curitiba, a desgraça de Dilma Rousseff funciona como um aviso: se marketing e cenografia resolvessem o problema, Michel Temer ainda seria o que ele próprio já chamou de "um vice decorativo." E Michelzinho ainda estaria frequentando a escola tranquilamente em São Paulo, a salvo das conveniências políticas do pai.
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– Atualização feita às 10h41 desta quarta-feira (27): Em contato com o blog, a assessoria de Michel Temer disse que sua iniciativa não teve propósitos publicitários. Informou que, ao levar o filho à escola no primeiro dia de aula, Marcela Temer surpreendeu-se com a presença de repórteres fotográficos. Teve de entrar pelos fundos. O presidente interino foi, então, aconselhado a apanhar o filho. Fez isso para saciar o desejo da imprensa de obter a imagem que tanto buscava. Daí o aviso feito com antecedência aos repórteres. Imaginou-se que, uma vez atendida a demanda, a rotina escolar do filho de Temer voltaria à normalidade. Nesta quarta, Michelzinho chegou à escola acompanhado da mãe. Não houve contratempos.
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