Acionado na ONU, Moro leciona tática para Lula
Acusado no Comitê de Direitos Humanos da ONU de cometer arbitrariedades na Lava Jato, o juiz Sérgio Moro deu uma lição de tática a Lula, seu detrator. Contra a vontade da Procuradoria da República, o doutor mandou soltar o marqueteiro do PT João Santana e a mulher dele, Mônica Moura.
Representante de Lula na ONU, o advogado Geoffrey Robertson, um australiano que se estabeleceu no Reino Unido, tachou de "primitivo" o sistema penal brasileiro. Declarou que "o juiz tem o poder de deter indefinidamente até obter uma confissão e a delação premiada."
Pois bem. Sem ter firmado nenhum acordo de delação, Santana e Mônica já confessaram ter recebido US$ 4,5 milhões em verbas ilegais por serviços prestados ao comitê Dilma-2010. Ganharam o meio-fio sem tornozeleira. Devem virar delatores em liberdade. Longe das grades, entregarão Dilma-2014 —guiçá o próprio Lula-2006— em troca de redução da pena.
Moro deixou claro que a pena virá. O juiz não comprou o álibi do caixa dois. "…Não é provavelmente verdadeiro e ainda que o fosse não elimina a responsabilidade individual", anotou num despacho. Contra o antídoto de Santana, que estimou em "98%" as campanhas eleitorais que operam com caixa dois, Moro reforçou o veneno: "Se um ladrão de bancos afirma ao juiz como álibi que outros também roubam bancos, isso não faz qualquer diferença em relação à sua culpa."
De resto, a maleabilidade de Moro revelou-se providencialmente seletiva. O magistrado liberou Santana e Mônica. Mas manteve presos, a título de fiança, R$ 31,5 milhões amealhados pela dupla. Lula que se vire para explicar, na ONU e alhures, como "não sabia" que os responsáveis pelo marketing das campanhas presidenciais do PT haviam se transformado em alvos tão prósperos do sistema penal "primitivo".
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