Dilma tenta em vão reescrever a própria história
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Veio à luz, finalmente, a carta de Dilma aos senadores e aos brasileiros. Deu-se a nove dias do início do julgamento final do impeachment. A essa altura, o documento é uma inutilidade política. Nem a signatária acredita que a carta vá reverter votos no Senado. Trata-se de um caso clássico de lamentação depois do fato consumado. O objetivo de Dilma é pessoal, não político. Ela tenta reescrever sua história, injetando nela uma pose de golpeada inocente. Esforço vão, já que madame já não controla nem a própria história.
Ignorada até pelo seu partido, Dilma defende tardiamente a adoção de providências inviáveis. Coisas como o plebiscito para a antecipação das eleições presidenciais, a ampla reforma política que o petismo não conseguiu colocar em pé em 13 anos de poder, um pacto nacional… Dilma ressuscita a ideia do pacto sempre que está em apuros. Volta a falar em diálogo num instante em que não consegue se entender nem com o espelho.
Dilma diz receber as críticas com "humildade". Mas é incapaz de enumerar os erros. Esses equívocos, que produziram ruína econômica e corrupção, não caberiam numa carta. No trecho mais patético do seu texto, Dilma anotou que "é fundamental a continuidade da luta contra a corrupção". Ela fala de corrupção como se não tivesse nada a ver com o problema.
Difícil ajustar a ficção à realidade. A campanha de Dilma é alvo de investigações, o PT está na lama, Lula está prestes a virar réu pela segunda vez. A própria Dilma, estrela da delação da Odebrecht, deixará a vida política para cair na Lava Jato.
Dilma Rousseff entrará na história de ponta-cabeça. Não há carta capaz de reverter esse dado da realidade.
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