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Josias de Souza

Empreiteiro cita Toffoli em proposta de delação

Josias de Souza

20/08/2016 05h54

Em proposta de delação premiada entregue à Procuradoria-Geral da República, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, mencionou o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Ele relatou o prefácio de uma história que se dispõe a aprofundar se for guindado à condição de colaborador da Lava Jato.

A novidade veio à tona em notícia veiculada pela revista Veja. Léo Pinheiro relatou um encontro que teve com Toffoli. Os dois já se conheciam. Durante a conversa, o ministro do STF contou ao empreiteiro que sua casa, assentada em bairro nobre de Brasília, apresentava incômodas infiltrações.

Dias depois, o empreiteiro enviou à casa de Toffoli uma equipe de engenheiros da OAS. Eles detectaram o problema e informaram a Léo Pinheiro: falhas na impermeabilização da cobertura da casa. O empreiteiro indicou uma empresa de Brasília para realizar o conserto. Resolvido o problema, engenheiros da OAS inspecionaram o serviço. E Toffoli livrou-se as infiltrações em casa.

Súbito, o nome do ministro gotejou na proposta de delação de Léo Pinheiro. Curiosamente, ele diz na proposta de delação que Toffoli pagou pelo serviço de impermeabilização. Afora a inconveniência moral de ter um empreiteiro prestando favores a um magistrado da mais alta Corte do país, qual seria o crime?

Considerando-se que o candidato a delator se dispõe a confessar crimes em troca de benefícios como redução de pena, não é razoável supor que o empreiteiro enfiaria o nome de Toffoli numa proposta de delação se não tivesse algo cabeludo a relatar. Ouvido, Toffoli confirma que conhece Léo Pinheiro. Mas sustenta que não pediu nem recebeu nenhum favor dele.

Léo Pinheiro já amarga na Lava Jato condenação a 16 anos e 4 meses de cadeia por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Pleiteia a delação para tentar não ficar de molho na cadeia.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.