Impostos: a mentira piedosa ou a verdade cruel?
Não é verdade que os ministros de Michel Temer discutam muito. Alguns passam a impressão de que já nem se falam. A poucos dias de ser confirmado no cargo de presidente da República, Temer deveria chamar para uma conversa os ministros Eliseu Padilha e Henrique Meirelles. Seria uma oportunidade para perguntar: afinal, o meu governo vai ou não meter a mão no bolso do contribuinte?
Na terça-feira, de passagem pelo Rio de Janeiro, o chefe da Casa Civil havia garantido: "Não vamos aumentar impostos em 2017. Essa é uma decisão já tomada pelo governo."
Nesta quarta, em visita à Câmara, o ministro da Fazenda disse coisa diferente: "Em hipótese de necessidade, aumentar impostos pode vir a ser necessário. Não está sendo considerado agora, mas não devemos descartar no futuro, lembrando que isso não é um caminho para resolver o problema fiscal no longo prazo."
Com todos os governos é mais ou menos assim: a verdeade só aparece depois que são esgotadas todas as possibilidades de mentira. Mas o momento exige coragem. Na conversa com Padilha e Meirelles, Temer poderia unificar o discurso. Em matéria de tributos, ou seu governo opta pela mentira piedosa ou adota a verdade cruel.
Quanto aos brasileiros, não há nenhuma dúvida. Convém preparar o bolso.
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