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Josias de Souza

‘Impeachment é natural’, diz Temer. Heimm?!?

Josias de Souza

26/08/2016 01h10

Após acender a tocha dos Jogos Paralímpicos, Michel Temer aventurou-se numa prova de arremesso de declarações sobre o microfone. Uma repórter perguntou-lhe se estava inseguro. "Aconteceu alguma coisa?", estranhou. O impeachment, disse-lhe outro repórter. E Temer: "Imagine! É uma coisa tão natural na democracia." Hã?!?

Desde a redemocratização, o brasileiro elegeu quatro presidentes: Collor, FHC, Lula e Dilma. O remédio do impeachment já foi aplicado contra Collor. Repetindo-se a dose com Dilma, a democracia brasileira exibirá uma taxa de letalidade de 50%. Um observador atento verá no fenômeno evidências de que a democracia brasileira é um sistema político com a cabeça a prêmio.

Um otimista, como Michel Temer, dirá que o alto grau de mortalidade de presidências é prova de que a democracia está cheia de vida. Tudo parecerá "natural" para alguém que ocupe a vice-presidência no Brasil. Tirando o posto de massagista da Gisele Bündchen, não há no país melhor emprego do que o de vice-presidente. As chances de promoção são altíssimas.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.