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Josias de Souza

Antes de Dilma falar, PSDB cobrará de Lewandowski direito de refutar ataque

Josias de Souza

28/08/2016 19h59

A coreografia do depoimento de Dilma Rousseff no plenário do Senado incluirá um movimento que deve eletrificar a sessão já no início. Assim que a ré estiver pronta para iniciar sua autodefesa, o líder do PSDB Cássio Cunha Lima pedirá a palavra para formular uma "questão de ordem". O senador recordará ao presidente do STF Ricardo Lewandowski que os partidários do impeachment não abdicarão do direito de replicar eventuais ataques políticos ou pessoais pronunciados por Dilma.

O objetivo da interveção é fazer com que Lewandowski repita diante das câmeras um compromisso que assumira na reunião em que expôs aos líderes partidários o roteiro do julgamento. No seu item 18, o rito esboçado pelo presidente do STF prevê que cada senador terá cinco minutos para inquirir Dilma. Mas não fixa um tempo para as respostas nem faz referência à possibilidade de réplica. Os rivais de Dilma chiaram. E Lewandowski assumiu um compromisso a portas fechadas.

Ficou combinado que, se Dilma desferir ataques abaixo da linha da cintura, o senador que se julgar atingido poderá reivindicar o direito de resposta. Os partidários do impeachment querem que Lewandowski reitere o acerto na presença de Dilma. "Trataremos a presidente com respeito, mas exigimos o mesmo tratamento dela", disse Cássio Cunha Lima ao blog. "Dançaremos conforme a música. Se Dilma quiser salsa, ela terá salsa. Se quiser forró, vai ter forró."

Os rivais de Dilma se reuniram no Senado neste domingo, para acertar detalhes da estratégia a ser adotada na inquirição à presidente afastada. Leia detalhes aqui e aqui.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.