Sob Temer, governo não entrou na ‘idade mídia’
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Em matéria de comunicação social, um bom conselho para as autoridades do governo de Michel Temer seria o seguinte: traga sempre suas palavras na coleira. O governo vem produzindo em ritmo semanal declarações enviesadas que cobram explicações posteriores.
Nesta segunda-feira, o próprio Temer, numa reunião sobre refugiados na ONU, disse que o Brasil recebeu nos últimos anos 95 mil refugiados. Lorota. Foram apenas 8.800. Houve rebuliço nas redes sociais. E o ministro Alexandre Moraes (Justiça) foi aos refletores para recitar uma emenda que piorou o soneto.
A pedalada estatística que o redator do discurso levou Temer a recitar é tosca e desnecessária. É tosca porque, ao tentar emplacar uma meia verdade, realçou exatamente a metade que é mentira. É desnecessária porque, se há algo de que o Brasil pode se orgulhar é da forma como acolhe estrangeiros em apuros. Isso está na raiz da formação da sociedade brasileira.
Bastaria que Temer dissesse que, além de 8.800 refugiados, o Brasil acolheu 85 mil haitianos, que fugiam não de uma perseguição política ou religiosa, mas de um terremoto. O diabo é que, na area de comunicação, o governo Temer faz o pior o melhor que pode.
Já houve declarações da Casa Civil que contrariaram a Fazenda. Já borrifaram declarações polêmicas nas manchetes os ministros da Saúde e do Trabalho. Temer e seus auxiliares já menosprezaram publicamente manifestações de rua. Diante da epidemia de amadorismo, o Planalto decidiu contratar um porta-voz, para tentar melhorar a comunicação oficial.
Em plena era das redes sociais, o governo parece ter percebido que precisa entrar na idade mídia.
– Atualização feita às 11h53 desta terça-feira (20): O Ministério da Justiça enviou ao blog nota oficial. Nela, explica que o Brasil trabalha para ampliar o conceito de refugiado. Vai abaixo o texto:
O Brasil abriga como refugiados aproximadamente 85 mil haitianos e 9 mil estrangeiros de outras 79 nacionalidades, sendo 2.300 sírios.
A concessão de vistos humanitários aos haitianos está em consonância com a 'Declaração e o Plano de Ação do Brasil', aprovado na Conferência Cartagena+30, em 2014, onde a região da América Latina e Caribe constituiu um grande marco, ampliando a definição de refugiado para além da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, e prevendo em seu conceito também os deslocamentos motivados por desastres naturais, causas climáticas e ação do crime organizado.
Diversos países, coordenados por Suíça e Noruega, defendem a adoção dessa ampliação de conceito, conhecida como 'Iniciativa Nansen', que, culminou, em outubro de 2015, no lançamento de 'Agenda de Proteção'.
A 'Declaração de Nova York' aprovada nesta segunda feira, em Assembleia da ONU, reconheceu a possibilidade de iniciativas regionais em relação ao tema de refugiados, reforçando a iniciativa da Conferência Cartagena+30. O posicionamento da América Latina e Caribe está na vanguarda."
Ministério da Justiça e Cidadania
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