Topo

Josias de Souza

Alckmin substitui Lula como carregador de poste

Josias de Souza

23/09/2016 04h15


Geraldo Alckmin frequenta a disputa pela prefeitura da capital de São Paulo vestindo um figurino que era de Lula há quatro anos. O governador tucano substituiu o ex-presidente petista no papel de carregador de poste. E o Datafolha sinaliza que João Doria, o candidato do PSDB, pode estar a caminho da eletrificação.

No intervalo de um mês, Doria cresceu notáveis 20 pontos. No final de agosto, colecionava 5% das intenções de voto. Hoje, amealha 25%. Tomou o elevador exibindo-se num habitat que domina: a tevê. Apresenta-se nos debates e na propaganda eletrônica como um não-político. O que faz dele o mais político.

Embora não fabrique um palito de fósforos ou qualquer outra coisa que possa ser apalpada, Doria se autodefine como empresário. E promote realizar na prefeitura uma gestão de mostruário. A Lava Jato já demonstrou que o convívio de empresários com o setor público pode resultar em encrenca. E o impeachment de Dilma provou que o talento gerencial presumido pode produzir desastres. Mas Doria cresce.

Simultaneamente, Celso Russomano cai e Marta Suplicy estaciona. Ele, que chegou a abrir vantagem de 15 pontos na liderança, caiu para 22%. Ela, depois de escalar 5 pontos, oscilou um 1 ponto para baixo, estacionando em 20%. Esse cenário de bololô caracteriza um empate estatístico, já que a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos, para baixo ou para cima.

Afora a subida meteórica, Doria ostenta a menor taxa de rejeição entre os candidatos favoritos: 19% dos eleitores pesquisados declaram que não votariam no candidato tucano de jeito nenhum. Russomano é refugado por 27% dos eleitorado. Torcem o nariz para Marta 29% dos entrevistrados. Significa dizer que Alckmin carrega nos ombros o candidato mais leve, com maior potencial de crescimento.

Na outra ponta, Lula e o PT exercem sobre a campanha do prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição, o efeito de duas bolas de ferro. A menos de duas semanas da eleição, o recandidato petista obteve constrangedores 10% das intenções de voto. Puxado para baixo pelos aliados, Haddad ostenta a maior taxa de rejeição: 49%. Transformou-se no candidato favorito a simbolizar a derrocada da era de ouro do petismo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.