Temer se irrita, se aborrece, se zanga… E nada!
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Michel Temer vai se revelando um presidente facilmente irritável. Abespinhou-se um par de vezes com o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Aborreceu-se com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Impacientou-se com fulano. Agastou-se com beltrano. Zagou-se, por penúltimo, com o titular da pasta da Justiça, Alexandre Moraes. Superior hierárquico da Polícia Federal, ele avisou no domingo que a Lava Jato retornaria às ruas nesta semana.
Consumada a prisão do petista Antonio Palocci, a assessoria de Temer fez saber aos repórteres que o chefe estava tiririca. A zanga de Temer não ornou com o timbre ameno que usou ao conversar com o ministro pelo telefone. Combinou-se que Alexandre, o grande indiscreto, se reposicionaria em cena. Ele se absteve de fazer uma autocrítica. Preferiu acusar a imprensa de interpretar incorretamente sua fala. Quem assiste ao vídeo disponível lá no alto percebe que o caso dispensa interpretações.
Ligado ao tucanato, o ministro participava de um ato de campanha do PSDB em Ribeirão Preto, cidade de Antonio Palocci. Dirigindo-se a militantes anti-petistas, anunciou a ação policial. Chegou mesmo a dizer que seus interlocutores se lembrariam dele quando a coisa se materializasse. Com isso, forneceu matéria-prima para que o PT acuse o governo de manipular politicamente a Lava Jato. Pode dar quantas explicações quiser. Nenhuma sera capaz de apagar a certeza de que deu um tiro no pé… de Temer.
Nesse tipo de assunto, não há segredo. O presidente preside. E seus ministros seguem suas orientações. Se o ministro discorda dos desejos do chefe, pede para sair. Se faz o contrário do combinado, é mandato embora. Quando o presidente se irrita com seus ministros e eles vão ficando nos cargos, a irritação torna-se o caminho mais curto para a desmoralização.
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