Temer tenta deter briga sucessória na Câmara
Às voltas com a necessidade de aprovar até o final do ano pelo menos a emenda constitucional que congela os gastos públicos, Michel Temer foi alertado para uma encrenca que pode desunir sua infantaria. Começam a se acotovelar pelo comando da Câmara o destacamento do centrão, ex-bloco de Eduardo Cunha, e o pelotão do centrinho, composto pelos ex-oposicionistas PSDB, DEM, PPS e PSB.
Faltam cinco meses para a troca de guarda na Câmara. Eleito para substituir o cassado Eduardo Cunha, o deputado Rodrigo Maia terá de passar o bastão de comando para um novo presidente no início de fevereiro de 2017. Temer foi avisado sobre a antecipação da troca de tiros no almoço desta terça-feira.
Dividiram a mesa com o presidente os deputados Danilo Forte (PSB-CE) e Darcísio Perondi (PMDB-RS), respectivamente presidente e relator da comissão especial sobre a emenda do teto dos gastos públicos federais. Coube a Danilo falar sobre a disputa na Câmara. Temer concordou com a necessidade de deter suas brigadas.
À noite, num jantar com ministros e líderes partidários, no Palácio da Alvorada, ex-morada de Dilma Rousseff, Temer exortou os presentes a apressarem a votação da emenda do teto. Gostaria de ver a proposta aprovada nas duas Casas legislativas até o final de novembro.
Presente também ao jantar, Danilo Forte repetiu o que dissera a Temer mais cedo, na mesa do almoço. Pelo menos dois parlamentares entenderam que o colega ecoava preocupações do próprio Temer.
Difunde-se nos subterrâneos a tese segundo a qual não há Temer sem seus apoiadores congressuais. E vice-versa. Os dois lados têm encontro marcado para 2018. Com as reformas, podem se reunir em torno de uma candidatura presidencial. Sem elas, a embarcação irá a pique e todos se encontrarão nas profundezas.
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