Milícias fazem do Rio faroeste sem John Wayne
Existe o Rio de Janeiro e existe o "Rio de Janeiro". Existe a cidade, existe o Estado e existe tudo o que está implícito quando se diz "Rio de Janeiro." Sem aspas, o Rio é o cartão postal do Brasil. Seus habitantes desbravam novas fronteiras sem sair da praia. Com aspas, o Rio é uma espécie de filme de faroeste sem um John Wayne, alguém para carregar a virtude no coldre de xerife e distribuir rajadas de civilização sempre que necessário.
Ainda ontem, o Rio encantava o mundo cedendo sua exuberância natural para servir de pano de fundo para as Olimpíadas. Hoje, o "Rio" constrange o país com a ousadia de milicianos que fazem da violência o pretexto para sua existência. Noutros tempos, o atraso localizava-se nos fundões de Estados como Alagoas. Agora, a capital carioca e pedaços da Baixa Fluminense viraram uma Alagoas hipertrofiada. Ali, instalou-se uma miliciocracia.
As milícias cobram pedágio para autorizar candidaturas. Quem não paga morre. Desde dezembro, foram passados nas armas 14 candidatos. Ou o Estado brasileiro prova que é capaz de adicionar mocinhos como protagonistas desse enredo ou a exuberância do Rio sem aspas será desmascarada. E a violência do "Rio" com aspas perderá todos os seus disfarces.
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