Ciro desconstrói rivais e ignora autoconstrução
Eterno candidato à Presidência, Ciro Gomes exibiu-se neste domingo num encontro jornalístico, em São Paulo. Concedeu uma entrevista. Nela, declarou que Lula "está em final de ciclo", porque "brincou de Deus e se queimou". Chamou Michel Temer de "golpista salafrário". Disse que José Serra está "senil". Referiu-se a Fernando Henrique Cardoso como "um traidor do Brasil".
Provocado pelos entrevistadores, Ciro revelou-se mais língua do que cérebro. Foi enfileirando críticas. Além de Lula, Temer, Serra e FHC, despejou fel sobre Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Marina Silva, João Doria… Atingiu até o candidato a prefeito do Rio pelo PSOL, Marcelo Freixo, a quem atribuiu "um moralismo estreito".
A certa altura, Ciro revelou-se portador de uma ética larga. Já trocou de partido uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete vezes. Por enquanto, está no PDT. Referiu-se ao presidente da legenda, Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho sob Dilma Rousseff em meio a denúncias de corrupção, como "um amigo".
Ao final do desfile de opiniões de Ciro, a plateia ficou sabendo que ele preza a amizade de um personagem que gerencia o PDT como um cartório e despreza qualquer outro ser humano que possa representar um estorvo ao seu desejo de chegar ao Planalto.
A prioridade de Ciro continua sendo a descontrução de projetos alheios. Como de hábito, o eterno candidato se esquece da autoconstrução. Fiel ao velho estilo, Ciro dispensa adversários. Tornou-se uma espécie de candidato autoimune. Seu fígado produz uma toxina que ataca sua língua e obstrui o processo sináptico, impedindo a comunicação entre os neurônios vizinhos.
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