Debate do Senado foi presidido pela hipocrisia
Realizou-se nesta quinta-feira mais uma sessão de debate em torno do projeto sobre abuso de autoridade. O evento foi presidido pela hipocrisia. No comando dos trabalhos, Renan Calheiros, protagonista de 12 processos judiciais. No rol de debatedores, Sérgio Moro, juiz da Lava Jato. Trataram-se por "excelentíssimo". Acontece que o excelentíssimo, na visão de um e de outro, não é excelentíssimo. Bem ao contrário. Pode ser um biltre.
"A Lava Jato é sagrada", disse Renan a certa altura. Difícil para Moro ouvir o anfitrião dizer uma frase como essa sem reprimir um sorriso interior e uma voz que soa nos fundões da consciência: "Farsante".
Moro sugeriu o adiamento do debate: "Uma nova lei poderia ser interpretada nesse momento como efeito prático de tolher ações" de juízes e procuradores. "…Talvez não seja o melhor momento, e o Senado pode passar uma mensagem errada. O que se assiste é uma sociedade ansiosa não apenas com casos da Lava Jato."
Lançado no caldeirão da Lava Jato, Renan enxerga em Moro a personificação do abuso de autoridade, um mau exemplo para magistrados que merecem um epíteto do Evangelho: "Raça de víboras."
Terminado o debate do Senado, as atenções de Brasília se voltaram para o plenário do Supremo Tribunal Federal. Ali, foi a julgamento a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa Renan de receber propina de uma empreiteira para pagar pensão de uma filha.
Relator do caso, o ministro Edson Fachin votou pelo recebimento parcial da denúncia. Se for acompanhado pela maioria dos seus pares, como parece provável, Renan será convertido em réu. E a tramitação do projeto sobre abuso de autoridade passará a ser presidida por uma autoridade que abusa da paciência alheia.
– Aqui e aqui, mais informações sobre o debate realizado no Senado.
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