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Josias de Souza

Temer desliza para 2017 politicamente instável

Josias de Souza

22/12/2016 23h30

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Michel Temer chega às portas de 2017 mais frágil e impopular do que há sete meses, quando substituiu Dilma. Ele interrompeu o ciclo de insanidade fiscal da antecessora. Mas sua gestão ainda não foi capaz de retirar a economia da UTI. Para complicar, seu mandato, que já era tampão, está sitiado pela dúvida. Palavras como renúncia e cassação voltaram ao noticiário.

O maior trunfo de Temer continua sendo a maioria parlamentar que seu governo ostenta no Congresso. Mas a fragilidade do presidente, enrolado na Lava Jato e cercado de auxiliares suspeitos, conspira contra a retomada dos investimentos. E a ausência de prosperidade econômica tende a afastar os aliados. Não será fácil aprovar uma boa reforma da Previdência em 2017.

Em café da manhã oferecido aos jornalistas, Temer fez declarações que denunciam a instabilidade de sua presidência. Ele disse que não pensa em renunciar. E afirmou que se o Tribunal Superior Eleitoral cassar o seu mandato, entrará com recursos e mais recursos na Justiça. Não são, convenhamos, palavras de um presidente que se sente seguro no cargo. A boa notícia é que o Brasil continua sendo o país onde há a maior possibilidade de se criar um mundo inteiramente novo. Caos não falta.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.