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Josias de Souza

Polícia de SP receia ataques iminentes do PCC

Josias de Souza

14/01/2017 02h11

Reprodução/Revista Época

Reprodução de documento veiculado pela revista Época sobre supostos planos do PCC

A polícia civil de São Paulo fez circular por "todas as unidades policiais" do Estado um alerta expedido pelo Centro de Inteligência Policial da cidade paulista de Araraquara. Veiculado na noite desta sexta-feira pela revista Época, o documento contém um alerta: o PCC, Primeiro Comando da Capital, se equipa para promover ataques planejados atrás das grades.

O documento trata de um suposto comunicado do PCC aos seus membros. Informa que "armas de fogo foram distribuídas aos integrantes da facção para possíveis ataques." O risco seria iminente: "Consta que, no próximo dia 17 de janeiro, o comando do PCC irá ordenar aos executores o tipo de ataque e o local onde cada um terá que agir."

O Dipol, Departamento de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo, confirmou a autenticidade do documento produzido por seus agentes em Araraquara. Mas se absteve de comentá-lo. A movimentação do PCC seria uma resposta do grupo criminoso à transferência simultânea de 14 dos seus líderes para a cana dura do presídio de Presidente Bernardes. Ali, vigora o RDD, Regime Disciplinar Diferenciado, mais restritivo. O castigo foi programado para durar até 11 de fevereiro.

Há dez anos, uma transferência coletiva de líderes do PCC para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes resultou na deflagração de ataques que paralisaram São Paulo. Os atentados foram ordenados de dentro das cadeias. Membros da infantaria da facção atearam fogo em ônibus, alvejaram delegacias e passaram policiais nas armas. No intervalo de nove dias, os confrontos enviaram à cova 564 pessoas —505 civis e 59 policiais. A matança só cessou depois que o governo paulista negociou um armistício com os criminosos na cadeia.

O alerta sobre o risco de um novo surto de violência chega nas pegadas de massacres em que foram assassinados uma centena de presos em penitenciárias de Manaus e Boa Vista. Coisa orquestrada pela Família do Norte, facção criminosa nortista parceira do carioca Comando Vermelho. Que trava com o PCC uma guerra pelo controle de negócios e de presídios.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.