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Josias de Souza

Cármen Lúcia recebe Janot e auxiliares de Teori

Josias de Souza

23/01/2017 19h21

Passada a fase de luto pela morte de Teori Zavascki, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, foi "à luta", como ela diz, para cuidar do futuro da Operação Lava Jato. A ministra recebeu em seu gabinete o procurador-geral da República Rodrigo Janot e conversou com juízes que assessoravam Teori na análise dos acordos de cooperação de 77 delatores da Odebrecht. Entre eles o juiz federal Márcio Schiefler.

Cármen Lúcia e seus interlocutores não concederam entrevistas. Sabe-se, porém, que a ministra está preocupada com a perspectiva de atraso na homologação das delações da Odebrecht. Para atenuar o problema, ela cogitou avocar a encrenca para si e, num procedimento excepcional, homologar os depoimentos dos delatores ainda durante o recesso do Judiciário, que termina em 31 de janeiro.

O problema é que a solução dividiu o Supremo. Parte dos ministros acha que não há razões para tanta urgência. A turma do contra alega que a providência pode inclusive dar margem a futuras contestações. Seja como for, Cármen Lúcia só poderia cogitar a medida se Rodrigo Janot remeter ao Supremo uma petição justificando a urgência e requerendo formalmente a homologação das delações.

A presidente do Supremo precisa deliberar também sobre uma decisão que Teori Zavascki havia tomado antes de morrer. Ele autorizara os juízes lotados em seu gabinete a interrogar os delatores da Odebrecht. Coisa formal, destinada apenas a verificar se as delações foram mesmo espontâneas. Esse trabalho, que deveria ter começado nesta segunda-feira, foi suspenso. Mas Cármen Lúcia planeja determinar a retomada dos depoimentos. Ainda que opte por não homologar as delações durante o recesso, ela facilitaria o trabalho do futuro relator.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.