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Josias de Souza

Futuro da Lava Jato é jogado no sorteio do STF

Josias de Souza

31/01/2017 21h39

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O Supremo Tribunal Federal volta ao trabalho nesta quarta-feira. É grande a expectativa em relação à escolha do substituto de Teori Zavascki na relatoria dos processos da Lava Jato. Há no Ministério Público Federal uma preferência por Celso de Mello, o ministro mais antigo, o decano da Corte. Cármem Lúcia, presidente do Supremo, também nutre uma preferência por Celso de Mello. O problema é que a escolha deve ser feita por sorteio. Significa dizer que a escolha do ministro responsável pela investigação do maior caso de corrupção da história depende do resultado de uma espécie de loteria togada.

A escolha de relatores por sorteio é uma praxe no Supremo. É um sorteio eletrônico. Foi concebido para evitar o direcionamento dos processos, para garantir que a definição do nome do relator seja aleatória. Os julgamentos no Supremo são colegiados, mas um relator pode ter papel decisivo. Ele define o ritmo de tramitação dos processos, podendo retardar ou apressar as coisas. Toma muitas decisões sozinho, por vezes à revelia do colegiado.

Há enorme receio entre os investigadores da Lava com o que está por vir. O sorteio do relator deve ser feito na Segunda Turma do tribunal, onde atuava Teori Zavascki. Nesse colegiado, o preferido Celso de Mello concorre com três colegas: Ricardo Lewandowski, visto como anti-Lava Jato; Dias Toffoli, que teve o nome citado numa delação; e Gilmar Mendes, um crítico contumaz do Ministério Público. Cogita-se incluir um quinto nome no sorteio, provavelmente Luiz Edson Fachin, a ser deslocado da Primeira Turma. Está em jogo, além do futuro da Lava Jato, o próprio prestígio do Supremo. Dependendo do que vier a acontecer, a Suprema Corte pode jogar no lixo o prestígio que amealhou no julgamento do mensalão.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.