Lava Jato precisa de um sentimento de STFobia
Foi às ruas a 38ª fase da Lava-Jato. Chama-se Blackout —uma ironia da Polícia Federal com o sobrenome dos dois principais alvos da operação: Jorge Luz e Bruno Luz. Pai e filho, ambos operadores financeiros do assalto à Petrobas. Azeitaram propinas estimadas em US$ 40 milhões.
Entre os beneficiários do roubo estão, novamente, senadores do PMDB, acusam os investigadores. Espanto! São "pessoas que ainda estão no cargo, gozando de foro privilegiado", alfineta o procurador da República Diogo Castor de Mattos. Pasmo!! Em notas oficiais, Renan Calherios e Romero Jucá, respectivamente líder e presidente do PMDB, fazem pose de personagens imaculados. Assombro!!!
Ressurgem em Brasília perguntas incômodas: por que diabos o procurador-geral Rodrigo Janot e o Supremo Tribunal Federal não agem para interromper o gozo a que se refere o doutor Castor de Mattos? O que falta para que a Procuradoria e a Suprema Corte transformem o privilégio de foro num suplício de última instância, sem direito a recurso?
O que mais incomoda na Operação Lava Jato não é o espetáculo, mas a sensação de que os protagonistas permanecem em cena. O cronista Nelson Rodrigues costumava dizer que o mais exasperado problema do ser humano é o medo do rapa. "Cada um de nós vive esperando que o rapa o lace, o recolha, na primeira esquina", ele escreveu. Falta à Lava Jato um rapa da oligarquia política com mandato.
Hoje, a turma de Brasília solta fogos para festejar o fato de que seus processos permanecem no STF, o foro dos suspeitos privilegiados. "Sem foro, com Moro", diz o enunciado da piada que anima os congressistas. Para arrancar o riso de satisfação da cara dos afortunados detentores de mandato, seria necessário que surgisse em Brasília um sentimento de STFobia. Algo equiparável à Morofobia. O diabo é que a equipe do doutor Janot e o Supremo demoram a assumir o papel de rapa.
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