Ninguém obrigou o pastor a disputar o carnavalesco sacerdócio da prefeitura
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Em aparição pública nesta Quarta-Feira de Cinzas, o prefeito carioca Marcelo Crivella foi instado pelos repórteres a comentar o chá de sumiço que tomou durante o Carnaval. Absteve-se de comparecer até mesmo à tradicional entrega da chave da cidade ao Rei Momo, na abertura da festa. "Nós temos que respeitar as pessoas", disse Crivella. "Ninguém pode ser obrigado a fazer nada. Esse assunto já está superado. A agenda do prefeito deve ser cumprida, o que não necessariamente é a agenda da imprensa."
A má repercussão do comentário levou Crivella a divulgar um vídeo. Na peça, disponível acima, o prefeito alega que prestigiar a folia seria mera demagogia. No fundo, o alcaide tem razão. Ninguém deve fazer nada que não queira. Veja-se, por exemplo, o seu próprio caso. Foi por livre e espontânea vontade que o pastor licenciado da igreja Universal concorreu ao carnavalesco ofício de prefeito do Éden mundial da fantasia. Eleito, não faz sentido fugir —por superstição, fanatismo ou moralismo— dos sacerdócios dos foliões que celebram os seus próprios ritos.
Não há no Rio evento mais relevante do que o Carnaval. Neste ano da graça de 2017, a festa arrastou para a cidade mais de 1,1 milhão de turistas (pode me chamar de consumo, emprego e impostos). Em campanha, Crivella prometera "cuidar das pessoas." Na prefeitura, isso inclui a obrigação de cultuar os deuses do samba. Por sorte, Crivella ainda dispõe de pelo menos três carnavais para demonstar que não é ruim da cabeça.
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