Governo é parte do problema na crise da carne
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Desde que foi deflagrada a Operação Carne Fraca, o governo de Michel Temer corre para tentar reduzir os prejuízos que o setor agropecuário sofrerá, sobretudo no bilionário negócio da exportação de carne brasileira. Em privado, Temer trata a investigação da Polícia Federal como uma barbeiragem. Avalia que houve uma injustificável generalização de irregularidades que chama de pontuais. Em público, o presidente assegura que seu governo solucionará rapidamente todos os problemas. A questão é que o governo é parte do problema, não da solução.
No domingo, Temer reuniu-se com embaixadores de países que compram carne do Brasil. Tranquilizou-os. Horas depois, começaram a pipocar as notícias sobre a suspensão de importações. Hoje, Temer declarou em São Paulo: "O agronegócio, para nós no Brasil, é uma coisa importantíssima e não pode ser desvalorizado por um pequeno núcleo." Ele se refere aos 33 servidores que estão sob investigação policial.
Não é que Temer não tenha enxergado uma solução. Ele é parte da encrenca porque ainda não enxergou o problema. Varejadas pela Polícia Federal, as superintendências do Ministério da Agricultura nos Estados são feudos políticos. Na superindência do Paraná, revezam-se o PMDB de Temer e o Partido Progressista. Na de Goiás, manda o PTB. Os prepostos desses partidos recebem voz de prisão. Ocorre na Agricultura o mesmo fenômeno que levou a Petrobras à breca: ingerência política.
O que Temer não percebeu é que vigora no Brasil não o presidencialismo, mas uma versão bem brasileira de monarquia. Quem reina é a esculhambação.
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