Lula tem razão, o PT mudou a história do país
O PT realizou nesta sexta-feira um seminário com tema sugestivo: "O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil". Foi como se os enforcados se reunissem para apertar o nó da corda. Principal orador, Lula declarou que o partido foi criado "para mudar a história desse país." Se era esse o objetivo, é preciso reconhecer que o PT tornou-se um sucesso. Acertou errando. Desvendou os crimes do poder cometendo-os. Deixou pistas em profusão, para ser flagrado. Numa palavra: fez uma revolução.
O petrolão é a principal evidência do êxito retumbante do PT. Excetuando-se a época do mensalão, outra página memorável escrita pelo petismo, nunca antes na história desse país o Estado investigou, puniu e enjaulou tantos personagens da elite política e empresarial. No momento, estão em cana, entre outros: o príncipe dos empreiteiros Marcelo Odebrecht, dois ex-ministros do porte de José Dirceu e Antonio Palocci, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas e o gestor de arcas partidárias João Vaccari.
Há também três ex-presidentes e um presidente-tampão encrencados. Lula é réu em cinco ações penais. José Sarney será interrogado por ordem do Supremo Tribunal Federal sob a acusação de tentar embaraçar investigações. Dilma Rousseff sofreu o impeachment e está prestes a virar matéria-prima para as sentenças de Sergio Moro. E Michel Temer convive com o risco de cassação no Tribunal Superior Eleitoral. Como se fosse pouco, foram à alça de mira dos investigadores os pajés do PMDB do Senado, e os presidenciáveis do ninho tucano. Tudo isso porque o PT se absteve de maneirar.
No seu discurso, Lula mostrou-se abespinhado com o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato. Desqualificou-o por ter afirmado que o PT é uma organização criminosa. "O que aquele moleque conhece de política?" Se Lula afirma que seu partido não é uma quadrilha, lavrem-se as atas! Quem ousaria discutir com um especialista?
De resto, Lula continua acreditanto que Lula é a pessoa mais honesta que ele conhece. "Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal têm a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida." Modesto, Lula esqueceu de mencionar que se tornou um colecionador de amigos. Usa o sítio de um amigo, que foi reformado por outro amigo, em parceria com uma empreiteira-companheira. Outra construtora-solidária, para agradar Lula, reformou um tríplex que nem era dele. E bancou o aluguel do garda-volumes para suas tralhas. Juntas, as construtoras-amigas fizeram de Lula um homem rico, remunerando suas pseudo-palestras. Não é todo dia que aparece um ser humano assim, tão especial.
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