PGR apura saques em dinheiro feitos por Renan
Numa época em que o homebanking permite a realização de operações bancárias sem o inconveniente de ter de comparecer ao banco, a Procuradoria-Geral da República descobriu que Renan Calheiros é um correntista de hábitos primitivos. Às vezes, em vez de movimentar o dinheiro por meio de transferências eletrônicas, o líder do PMDB no Senado prefere sacar na boca do caixa. Em 27 de dezembro de 2012, Renan retirou R$ 100 mil numa agência do Banco do Brasil em Brasília. No dia 30 de dezembro de 2014, o senador sacou mais R$ 300 mil no mesmo banco, só que numa agência de Maceió. A força tarefa da Lava Jato investiga os saques. Suspeita que seja dinheiro de propina.
De acordo com notícia veiculada no Jornal Nacional, da TV Globo, a movimentação bancária atípica de Renan foi farejada pelo Coaf, sigla de Conselho de Controle de Atividades Financeiras. O órgão comunicou às autoridades. Os saques são esquadrinhados no âmbito de um inquérito que apura a suspeita de que Renan recebeu R$ 800 mil da Serveng-Civilsan. Em troca, teria ajudado a empreiteira a obter contrato na Petrobras.
Em nota, Renan sustentou que o dinheiro é limpo. E voltou a se queixar do vazamento de dados: "Minhas contas são auditadas pela Receita desde 2007 e nunca foi encontrada qualquer irregularidade simplesmente porque não há nenhum centavo em minhas contas que não tenha origem lícita. Crime são esses vazamentos seletivos de dados sigilosos, que tentam dar ar de denúncia até mesmo para saques legais em minhas contas pessoais".
Renan se absteve de explicar por que diabos sacou R$ 300 mil na boca do caixa. Decerto conta com a benevolência da plateia que, de tanto acompanhar a rotina dos políticos brasileiros, já suprimiu dos seus hábitos o ponto de exclamação. No mundo da política, o espantoso vai adquirindo uma persuasiva naturalidade.
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