Manter os ministros suspeitos é temeridade inútil
.
Michel Temer reagiu à devastação provocada pela colaboração da Odebrecht com um par de entrevistas. Nelas, o presidente reiterou que não cogita afastar nenhum dos ministros enrolados no escândalo. Alguns desses ministros frequentam a cozinha do Palácio do Jaburu, onde mora o presidente. A decisão de Temer, com trocadilho, é uma temeridade inútil. O gesto é temeroso porque carboniza a legitimidade do governo, que já é baixa. É inútil porque os ministros vão cair cedo ou tarde —pela simples e boa razão de que a situação deles tornou-se insustentável.
Num ambiente de franca deterioração moral, a única providência aceitável de Temer seria a exoneração dos ministros sob investigação. Isso não significa condenar ninguém previamente. Todos têm o direito de se defender. Mas o brasileiro comum, que molha a camisa diariamente para encher a geladeira, tende a achar que o melhor é que os suspeitos se defendam longe dos cofres públicos, como mandam a lógica, o bom senso e a prudência.
Temer continua apostando nas reformas econômicas como seu principal balão de oxigênio. Faz bem. É o que lhe resta. Mas, para que a coisa funcione, quem pede sacrifícios à sociedade precisa pelo menos parecer decente. Ao manter do seu lado auxiliares tóxicos, rezando para que alguns tomem a iniciativa de pedir para sair, o presidente acaba correpondendo a todos os que não têm qualquer motivo para confiar nele. A essa altura, usar óculos com lente cor-de-rosa para ter uma melhor visão dos escombros é pura ilusão de ótica.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.