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Josias de Souza

Câmara rejeita urgência para reforma trabalhista

Josias de Souza

18/04/2017 19h11

Na primeira votação relevante depois da hecatombe política da Odebrecht, o governo de Michel Temer sofreu no início da noite desta terça-feira uma derrota no plenário da Câmara. Os partidos governistas não conseguiram arregimentar os votos necessários à aprovação de um requerimento de urgência para a tramitação da reforma trabalhista. O Planalto precisava de pelo menos 257 votos. Mas só conseguiu levar ao painel eletrônico 230 votos. Outros 163 deputados votaram contra o ritmo de toque de caixa. Veja aqui a íntegra da lista de votação.

A derrota foi um vexame político para o governo. Temer e seus operadores davam como certa a aprovação do pedido de urgência. Celebravam antecipadamente a aprovação da própria reforma da legislação trabalhista, que, em ritmo de toque de caixa, iria a voto antes do final do mês. Imaginava-se que o triunfo serviria de laboratório para a análise de outra reforma, a da Previdência, ainda mais encrespada. O problema é que só no dicionário o sucesso vem antes do trabalho. Os governistas esqueceram de providenciar o o essencial: votos. Houve traições em penca.

O tropeço foi celebrado pela oposição aos gritos de 'Fora, Temer'.  Parlamentares do PSOL e da Rede plantaram-se atrás da mesa diretora. Ergueram sobre a cabeça do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), hoje um dos principais aliados políticos de Temer, cartazes com inscrições tóxicas: "Fim do foro privilegiado já", "Isso não é normal" e "Temer não é uma delação qualquer."

Um detalhe potencializou o fiasco governista: horas antes, no início da manhã, os deputados supostamente aliados ao Planalto haviam tomado café da manhã com Temer, no Palácio do Jaburu. Ouviram apelos em favor das reformas. Estava entendido que a infantaria pegaria em lanças no plenário. Faltou mão-de-obra.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.