Delações derretem estratégia da defesa de Lula
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Surgiu entre os delatores o engenheiro escalado pela Odebrecht para realizar a reforma do sítio de Atibaia: Emyr Costa. Ele conta como tocou a obra, fala do dinheiro vivo que teve que manusear e dá nomes aos bois. Como se fosse pouco, informa que, sob orientação de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula, elaborou um contrato falso para apagar da obra as digitais da Odebrecht e da família Lula. E a defesa de Lula apenas repete: não há nada contra o ex-presidente. Vem aí a delação do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS. Vai falar sobre a reforma do tríplex do Guarujá.
No caso do sítio, a versão oficial é de que Lula, sem pagar nenhum tostão, instalou-se na propriedade com licença dos supostos proprietários para usar e abusar, reformar e trocar a mobília, virar do avesso se quisesse. O problema desse enredo é que ele divide os brasileiros em dois grupos: os cínicos e os azarados como você e os mais de 200 milhões de patrícios que ainda não encontraram amigos tão generosos, capazes de ceder, por empréstimo perpétuo, um sítio paradisíaco.
Apesar de tudo o que está na cara, a defesa sustenta que Lula é um inocente candidato à Presidência, vítima de perseguição. Isso pode adoçar o enredo, mas não modifica o epílogo. Em maio, Sergio Moro interrogará uma pose, não um réu. Depois, condenará um projeto político, não um culpado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se a sentença for confirmada na segunda instância, como parece provável, vai ao xadrez um mártir petista, não um presidiário. Mas nenhuma dissimulação retórica elimina o risco real de o PT ficar num mato sem candidato.
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