Para reverter derrota, Temer mobilizou ministros
Ciente de que o apoio no Congresso é o único patrimônio político de que dispõe, Michel Temer pegou em lanças para reverter uma vexatória derrota legislativa. Um dia depois de ser rejeitado, um pedido de urgência para a tramitação da proposta de reforma trabalhista foi aprovado pelo plenário da Câmara na noite desta quarta-feira. Deve-se a conversão da derrtoa em triunfo a uma mobilização comandada por Temer. Pendurado ao telefone, o presidente mobilizou ministros e líderes partidários. Cobrou fidelidade. E o requerimento foi confirmado por 287 votos a 144 (veja aqui a lista de votação). A coisa passou com 30 votos além do mínimo necessário. Na véspera, faltaram 27 votos.
Temer estruturou a reação já na noite de terça-feira. Com a derrota latejando no noticiário, telefonou e pediu que ligassem para os ministros que estão na Esplanada como representantes de logomarcas partidárias. Gente como Gilberto Kassab (PSD), titular da pasta das Comunicações; Maurício Quintela Lessa (PR), dos Transportes; Mendonça Filho (DEM), da Educação; Bruno Araújo (PSDB), das Cidades; e Marcos Pereira (PRB), da Indústria e Comercio. Os ministros foram incumbidos sobretudo de convocar os ausentes e virar os votos dos infiéis, contados na casa das sete dezenas. Acionaram-se também os líderes dos partidos e, sobretudo, o líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP). Funcionou.
Na prática, a mobilização refrescou a memória dos governistas sobre a natureza do governo Temer. Ao compor a sua equipe, o substituto constitucional de Dilma Rousseff caprichou na área econômica, selecionando personagens como Henrique Meirelles (Fazenda), respeitados por empresários e pelo mercado financeiro. Nas outras pastas, Temer estruturou, sem qualquer escrúpulo ou hesitação, não um gabinete dos melhores, mas dos politicamente mais rentáveis. Agora, o presidente cobra a reciprocidade.
De resto, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, corrigiu um "erro" tático que cometera na noite anterior. Ele encerrara a votação antes do prazo regulamentar. Tinha pressa para votar a matéria seguinte, a proposta de renegociação das dívidas dos Estados, entre eles o seu Rio de Janeiro. Não se deu conta de que o governo ainda não levara ao painel eletrônico da Câmara os 257 votos de que precisava. Nesta quarta-feira, Maia deu ao bloco governista todo o necessário. Fez isso sob protestos da oposição, que o acusou de reeditar os métodos de Eduardo Cunha.
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