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Josias de Souza

Rodrigo Maia: ‘Não teve traição, teve divergência’

Josias de Souza

19/04/2017 14h35

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explicou de forma singela a derrota do governo na votação de um requerimento de urgência para a tramitação da reforma trabalhista. Na contramão do Planalto, que se queixa da ação dos silvérios, Maia disse: "Não teve traição, teve divergência. As pessoas não são obrigadas a dizer amém para o governo. Cabe também àqueles que são favoráveis ao projeto convencer aqueles da base [governista] que estão contra."

O pedido de urgência foi rejeitado porque o Planalto não conseguiu levar ao painel eletrônico o número mínimo de votos necessários: 257. Votaram a favor apenas 230 deputados. Outros 163 votaram contra —entre eles sete dezenas de pseudo-aliados do governo.

O Planalto dava de barato que triunfaria no plenário da Câmara. Principal aliado de Michel Temer na Câmara, Maia sugere uma autocrítica: "Se tivemos um resultado diferente do esperado, nós erramos também. Eu errei por ter acabado a votação mais cedo e nós erramos por não ter conversado com mais cuidado com alguns deputados que acabaram votando contra a matéria."

Segundo o presidente da Câmara um novo pedido de urgência pode ser submetido votado ainda nesta quarta-feira. De resto, Maia disse acreditar que, a despeito dos tropeços, a reforma da legislação trabalhista sera aprovada quando a proposta for efetivamente votada.

– Atualização feita às 19h47 desta quarta-feira (19/4): Sob protestos da oposição, Rodrigo Maia colocou em votação um novo requerimento de urgência para a tramitação do projeto de reforma trabalhista. Rejeitada na véspera, a matéria foi aprovada. Passou por 287 votos a 144. Entre uma votação e outra, operadores do governo beliscaram a orelha dos silvérios de sua tropa. Recordou-se aos traidores que não podem manter apadrinhados em cargos do governo sem fornecer a contrapartida do apoio parlamentar.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.