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Josias de Souza

Imitando Lula, Dilma reivindica o papel de boba

Josias de Souza

24/04/2017 20h36

Dilma Rousseff frequenta a cena político-policial em constrangedora posição. De um lado, delatores da Odebrecht informam que injetaram dinheiro sujo de corrupção nas arcas da campanha vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Na outra ponta, o casal João Santana e Mônica Moura, responsável pelo marketing do comitê petista, admite ter recebido da construtora, por baixo da mesa, verbas de má origem. Uma parte foi depositada em conta secreta na Suíça. No meio disso tudo, Dilma nega o inegável.

A ex-presidente petista reivindica o papel de cega. Ou de boba. Repetindo: aquela senhora que chegou à Presidência com a fama de supergerente infalível pede para ser vista como uma tola, incapaz de farejar os milhões que passaram sob suas narinas. O mais irônico é que Dilma se desconstrói num esforço para desmentir João Santana, o mago do marketing que construíra sua imagem de mulher maravilha.

Dilma imita Lula. O sucesso de sua defesa dependerá do talento dos seus advogados para desmoralizá-la. A essa altura, aceitar a versão de Mônica Moura, que disse ter informado pessoalmente à ex-presidente sobre os depósitos da Odebrecht na Suíça, é uma homenagem à inteligência que Dilma diz não ter.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.