Pezão precisa de dinheiro ou de interrogatório?
Às voltas com um descalabro no Complexo do Alemão —cinco cadáveres em seis dias—, o governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, desabafou para o microfone de uma emissora de rádio. Declarou que precisa urgentemente de um $ocorro de Brasília. Sob pena de não conseguir lidar com uma crise de segurança pública que ameaça converter o Rio numa espécie de Síria com vista para o Atlântico. O brasileiro de outros Estados ouve o apelo e interroga os seus botões: afinal, Pezão precisa de mais dinheiro público ou de interrogatório?
As finanças do Rio derreteram num caldeirão de inepcia e roubalheira. O passado do Estado encontra-se atrás das grades. E Pezão tenta transferir para a União a responsabilidade pelo futuro. Nesta quinta-feira, o chefe da quadrilha que assaltou as arcas fluminenses, Sérgio Cabral, foi interrogado pelo xará Sergio Moro. E Pezão, que foi vice-governador do preso, está na bica de arrancar uma moratória de três anos na dívida estadual com o Tesouro Nacional.
Se tudo correr como planejado, a União deixará de arrecadar algo como R$ 27 bilhões entre 2017 e 2019. Insatisfeito com tudo o que pode obter, Pezão quer um pouco mais. Justo, muito justo, justíssimo.
O problema é que, no final de janeiro, quando deflagrou a Operação Eficiência, que esquadrinhou a remessa de US$ 100 milhões roubados pela quadrilha de Cabral, o juiz Marcelo Bretas, o Sergio Moro do Rio, fez menção em seu despacho a algo que chamou de "custo-corrupção". Anotou que o assalto ao erário foi uma das causas da ruína fiscal do Rio.
Bretas comparou a corrupção aos crimes violentos que inquietam a sociedade. Para o juiz, o assalto aos cofres públicos é mais grave, porque atinge "um número infinitamente maior de pessoas". Ele anotou: "Basta considerar que os recursos públicos que são desviados por práticas corruptas deixam de ser utilizados em serviços públicos essenciais, como saúde e segurança públicas."
Como Pezão bem sabe, não há dinheiro grátis. O que o afilhado político de Sérgio Cabral pede é que parte da conta que financiou os confortos do seu padrinho e as joias de sua mulher Adriana Anselmo seja espetada no bolso do contribuinte de outros Estados. O brasileiro ama o Rio. Mas não suporta a ideia de ser feito de idiota. Repita-se a pergunta: Pezão merece mais verbas ou interrogatório?
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