Com Lava Jato a pino, Brasília repete os erros
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Michel Temer decidiu colocar ordem no bazar. Começou a punir os deputados que venderam a honra ao governo e não entregaram a mercadoria. Para reduzir as traições na votação da reforma da Previdência, o presidente demite apadrinhados dos deputados que traíram o Planalto na reforma trabalhista. Um dos primeiros demitidos se chama Marcelo Xavier de Castro. Foi indicado pelo deputado Deley, do PTB do Rio. Era diretor de Finanças e Administração da INB, Indústrias Nucleares do Brasil S.A.. O que leva um deputado a se apossar da diretoria financeira de um nicho estatal? Emílio Odebrecht, em sua delação, explicou: eles não estão atrás de cargos, mas de orçamentos gordos.
Temer joga o velho jogo do fisiologismo. A única diferença é que mudou de lado. Como presidente do PMDB, ele era consumidor de cargos. Como presidente da República, é um provedor de cofres gordos. O que há de mais desalentador nesse processo é que roubaram da cena política até o ponto de exclamação. O absurdo ganhou uma doce naturalidade. Os deputados continuam transitando pelos corredores do Congresso com código de barras na lapela.
O primeiro Parlamento brasileiro, a Assembléia Constituinte convocada por dom Pedro 1º na época da Independência, durou seis meses. O imperador fechou a birosca em novembro de 1823. Alegou que os parlamentares descumpriram o juramento de "salvar o Brasil". O Congresso seria fechado outras seis vezes. Com a redemocratização, em 1985, imaginou-se que o Legislativo sairia de um jejum para um banquete de poderes. Foi um engano. Hoje, mesmo com a Lava Jato a pino, nada muda. O Congresso ora se vende ora se rende. Na maioria das vezes, se rende depois de se vender. O que não se compreende é por que a democracia brasileira insiste em cometer velhos erros com tantos erros novos a serem cometeidos!
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