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Josias de Souza

Paulo Maluf, quem diria, virou corrupto amador

Josias de Souza

23/05/2017 21h14

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A condenação de Paulo Maluf pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal foi a notícia mais surpreendente do dia. Primeiro porque o país ficou sabendo que o Maluf está vivo. Segundo porque ficou constatado que ele continua solto. Pegou 7 anos, 9 meses e 10 dias de cana por desvios de verbas praticados entre 1993 e 1996. Já lá se vão mais de 20 anos. Bons tempos aqueles, em que o Maluf era uma espécie de corrupto oficial do Brasil.

Outro dia li um artigo do Luiz Fernando Verissimo sobre Maluf. Ele ficou atônito ao saber que havia um processo contra o Maluf no Supremo. Teve uma emoção parecida com a que sentiu ao descobrir que a cantora Wanderléa estava viva, ainda cantando como nos tempos da Jovem Guarda. Teve saudade da época em que ninguém era mais corrupto do que o Maluf no Brasil.

A chance de Maluf passar uma temporada na cadeia é próxima de zero. Ele vive aquela fase em que todos os crimes são prescritos, seguindo o entendimento de que ter 85 anos de idade já é castigo suficiente para qualquer um. Em plena era do juiz Sergio Moro, tempo de prisões alongadas e condenações rápidas, Maluf deve estar se sentindo desprezado. Jamais imaginou que a democracia brasileira viraria uma sociedade entre a Odebrecht e a JBS. Paulo Maluf, quem diria, virou corrupto amador.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.