Michel Temer tornou-se um Cunha hipertrofiado
A poucos dias do início do julgamento que pode resultar na cassação de Michel Temer, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral informa que "o julgamento será jurídico". Gilmar Mendes acrescenta que "não cabe ao TSE resolver crise política. Resolvam suas crises", disse ele. De um tribunal não se espera outra coisa senão julgamentos jurídicos. Quando o presidente da Corte Eleitoral precisa proclamar o óbvio é porque alguma coisa saiu do lugar.
Enquanto Temer fazia pose de presidente das reformas, dizia-se que o TSE deveria salvá-lo para não prejudicar a economia. E muitos achavam normal. De repente, o reformador virou investigado. Passou a operar pelo adiamento do veredicto. E o TSE ganhou a aparência de uma peteca, que o Planalto joga para o lado que lhe convém.
Incomodado com a naturalidade com que auxliares de Temer antecipam os movimentos do TSE, Gilmar Mendes ergueu a voz: "O TSE não é um joguete nas mãos do governo." Por trás da proclamação do óbvio se esconde uma tragédia: Temer virou uma espécie de Eduardo Cunha hipertrofiado. A Câmara demorou nove meses para se livrar de Cunha. Temer acaba de acomodar no Ministério da Justiça Torquato Jardim, um PhD em TSE e STF. O investigado olha para Cunha, preso em Curitiba, e se equipa para resistir. A questão é: até quando o Brasil resistirá?
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