Temer falará à PF como presidente ou suspeito?
O que assusta no tsunami político-policial que engolfa Michel Temer é a rapidez com que seu governo vai virando destroço. Há duas semanas, Temer guerreava pelas reformas modernizantes. Nesta segunda-feira, recebeu da Polícia Federal 84 perguntas sobre uma recaída arcaica: o encontro noturno que manteve com o corrupto confesso Joesley Batista, no Palácio do Jaburu. Temer terá 24 horas para responder. As questões são aviltantes e constrangedoras.
Autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o interrogatório é aviltante porque o brasileiro não merecia uma nova crise envolvendo a autoridade máxima da República. O depoimento é constrangedor porque as perguntas que Temer recebeu da PF são mais embaraçosas do que as respostas que o presidente não terá condições de dar.
A hipótese de Temer sair ileso de uma experiência como esta é inexistente. Seus advogados alegam que o interrogatório é prematuro, pois ainda não ficou pronta a perícia no áudio da conversa que Joesley gravou às escondidas. Porém, conforme realçado aqui, o presidente endossou trechos do diálogo, incriminando-se.
Fachin recusou-se a postergar o depoimento. Lembrou que, se quiser, Temer pode usufruir do direito constitucional de calar para não se autoincriminar. Nesta hipótese, assumirá um comportamento típico dos culpados.
A grande dúvida nacional deixou de ser: 'com gás ou sem gás?' Ou ainda: 'com açúcar ou adoçante?' A pergunta que inquieta os brasileiros é: Michel Temer ainda tem condições de responder ao interrogatório da PF como presidente da República ou foi reduzido à condição de suspeito?
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