Sob Temer, país conhece a vivência no abismo
A crise brasileira atingiu um novo estágio. Depois do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, que absolveu a chapa Dilma-Temer por excesso de provas, não há mais aquela sensação de que o governo e o sistema político estão à beira do abismo. O governo de Michel Temer é a vivência do abismo. Brasília atravessa uma conjuntura de impasse institucional, em que a pior hipótese sempre vence.
Uma das características da crise é a ausência de espanto. Roubaram até o ponto de exclamação. O governo assegura que o ambiente é de normalidade. E o anormal passa a ser visto com crescente naturalidade. Os ministros sob suspeição, o ex-assessor preso, os apoiadores e os opositores apodrecidos, o presidente investigado por corrupção… Tudo ganhou ares de hedionda normalidade.
Ninguém ignora que o governo Temer nivela a política por baixo. Mas os principais atores preferem mantê-lo no cargo a organizar a eleição indireta de um presidente decente. A decência na Presidência viraria opção automática para a reeleição em 2018. E isso não interessa ao sistema apodrecido.
Sujos, petistas pregam uma eleição direta que sabem ser inviável. Mal lavados, tucanos e peemedebistas se enrolam na bandeira das reformas enquanto providenciam os 172 votos de que Temer precisa para se livrar de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal. Num ambiente assim. quando você ouvir alguém falando em patriotismo do seu lado, segure a carteira.
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