História de Kohl tem lições valiosas para o Brasil
Morreu o ex-chanceler Helmut Kohl, lendário ex-primeiro ministro da Alemanha. Num instante em que PT, PMDB e PSDB mimam seus corruptos de estimação, vale a pena recordar que Kohl deixou a política nas pegadas de um escândalo. Foi pilhado num caso milionário de caixa dois. Num primeiro momento, negou. Depois, admitiu o malfeito. E pagou com a carreira política.
Kohl comandava sua agremiação partidária, a União Democrata Cristã. Apelidada de "menina do Kohl", uma protegida que ele introduzira na política distanciou-se do padrinho, pegou em lanças contra sua liderança, mostrou-lhe a porta para a escada de incêndio e assumiu o comando. A algoz de Kohl chamava-se Angela Merkel. Madame higienizou a caixa registradora da União Democrata Cristã. E tornou-se chanceler alemã em 2005.
Desde então, Angela Merkel já prevaleceu em três eleições. E continua no poder. Quanto a Kohl, morto aos 87, desce ao verbete da enciclopédia como um gigante da política europeia do século passado. Há dois anos, Merkel escreveu para o jornal Bild um artigo sobre o ex-padrinho político, que festejava o aniversário de 85 anos.
Ela anotou que o ex-mentor deixou suas digitais em dois momentos felizes da Europa: o nascimento da União Europeia e a reunificação da Alemanha. "É a obra da sua vida", realçou. "Foi esta a lição que ele tirou do Nacional Socialismo e da 2ª Guerra Mundial. A Alemanha tem muito que lhe agradecer." Não disse palavra sobre caixa dois ou divergências políticas.
Se tivesse juízo, os políticos brasileiros aproveitariam três lições: 1) O problema não está apenas no caixa dois, mas nas consequências que a prática produz (ou deixa de produzir). No Brasil, já passou da hora de alguém pagar com a carreira política. 2) Um partido não precisa pular na cova junto com seus filiados em litígio com as leis; 3) O pijama, quando vestido na hora certa, pode salvar uma boa biografia de ser soterrada pelo lixo produzido por uma bandalheira levada às últimas (in)consequências.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.