Aécio tem de explicar por que não gosta de TED
De volta ao Senado depois de 46 dias de ausência compulsória, o tucano Aécio Neves escalou a tribuna para se defender. Discursou por 21 minutos. Não permitiu apartes. Sem direito ao contraditório, os oposicionistas se retiraram do plenário. Dirigindo-se aos amigos e às poltronas vazias, o orador reiterou que não cometeu crimes. Voltou a negar que os R$ 2 milhões recebidos do delator Joesley Batista decorressem de propina. Apenas quis vender um apartamento ao dono da JBS. Que preferiu lhe oferecer um empréstimo.
Aécio já fez melhores discursos. O ex-líder da oposição ainda não se deu conta. Mas fará um bem extraordinário a si mesmo no dia em que trocar todo o lero-lero de sua autodefesa por uma resposta singela para uma interrogação simples: Por que diabos desprezou nas suas transações financeiras com Joesley a boa e velha TED, preferindo a transferência monetária via malas e mochilas?
TED, como sabem até as crianças de cinco anos, é a sigla de 'Transferência Eletrônica Disponível'. Trata-se de uma forma segura de transferir valores de uma conta bancária para outra. O beneficiário pode dispor do dinheiro no mesmo dia. Mas as filmagens da Polícia Federal revelaram que Aécio tem essa estranha predileção por uma forma mais primitiva de transferência de valores: o primo Frederico Pacheco.
Enquanto Aécio não explicar as razões que o levaram a trocar a TED pelo primo Frederico, suas alegações não ficarão em pé. O grão-duque do tucanato tem ouvido demais os seus advogados. Talvez devesse buscar os conselhos de uma criança de cinco anos.
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