Temer passou a governar para 200 deputados
De acordo com o IBGE, há no Brasil pouco mais de 207 milhões de habitantes. Mas o presidente da República passou a governar para cerca de 200 deputados federais. Michel Temer molha o paletó para manter do seu lado um núcleo legislativo superior aos 172 votos de que precisa na Câmara para sobreviver precariamente. Desprovido de outros atrativos, o inquilino do Planalto compra lealdade com o dinheiro do contribuinte. Por isso liberou R$ 529 milhões em emendas orçamentárias só no mês de junho, contra R$ 959 milhões liberados nos cinco primeiros meses do ano.
A tática é manjada. E nem sempre funciona. Dilma Rousseff fez a mesma coisa. Mas a Câmara não hesitou em autorizar a abertura do processo que resultou na aprovação do impeachment no Senado. A ex-presidente petista caiu quando seus apoiadores perceberam que viveriam melhor ela. Candidato ao trono, Temer apressou-se em demonstar que manteria em pleno funcionamento a engrenagem que abastece o conglomerado parlamentar de privilégios, cargos e verbas.
Para desassossego de Temer, no instante da apresentação de sua defesa, o pedaço fisiológico do bloco governista já percebeu que pode ser mais vantajoso alterar o status quo. Começa a proliferar na Câmara a tese segunda a qual a ascensão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) da presidência da Câmara para o Planalto pode ser uma maneira segura de alterar o status sem mexer no quo. Se essa visão se consolidar, os deputados podem concluir que não vale a pena salvar Temer de uma denúncia criminal, sobretudo porque já se sabe que virão pelo menos mais dois pedidos de abertura de ação penal contra o presidente no Supremo Tribunal Federal.
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