Topo

Josias de Souza

Caso Aécio: Senado injetou troça no escândalo

Josias de Souza

06/07/2017 15h40

Impossível acompanhar o noticiário político sem notar que há cadáveres demais nas manchetes. Junto com o cheiro de enxofre, fareja-se uma fome de limpeza no ar. Com quase um terço dos seus membros enrolados na Lava Jato, o Senado é parte do problema. Mas perdeu, além do recato, o olfato. E não tem a mais remota intenção de virar parte da solução.

Por 11 votos a 4, o Conselho de Ética (?!?) confirmou o arquivamento do pedido de cassação do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG), pilhado em gravações pedindo R$ 2 milhões ao delator Joesley Batista. Dinheiro repassado na sequência, em malas e mochilas, a um primo do grão-duque do tucanato.

Num país lógico, os senadores não se atreveriam a arquivar acusações de corrupção sem um exame criterioso. Até para arquivar, é preciso saber do que se trata. Mas se o Senado fosse feito de lógica, faltaria material.

Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. No caso dos senadores, o problema é outro: falta-lhes um mínimo de curiosidade. Com seu descaso, os membros do Conselho de Ética (?!?) injetaram troça no escândalo.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.