Apagão do Senado é sinal de Apocalipse político
Na véspera, a Comissão de Constituição e Justiça iniciara a tramitação da denúncia contra Temer. Sergio Zveiter, um relator do PMDB, leu um voto contra Temer. Sugeriu que a Câmara autorizasse o Supremo Tribunal Federal a virar o presidente do avesso. De repente, um Carlos Marun caiu-lhe sobre a cabeça. E uma nuvem negra trovejou verbas e raios que os partam sobre o plenário da CCJ. Deputados leais ao Planalto marcharam em direção aos governistas que ameaçavam votar a favor da moralidade. Um deles, apontando para os silvérios, gritou para o outro: "Eu levanto e você chuta!". A maioria governista se refez num troca-troca.
Ao fundo, uma voz grave soou tonitruante: "Eu respeitarei, qualquer que seja o resultado". Um deputado que caíra de joelhos para recolher as verbas espalhadas pelo chão não conseguiu conter suas pulsões: "É a voz de deus", exclamou, reconhecendo o timbre de Temer. Levado no bico por pseudo-apoiadores tucanos, o presidente sente-se fortalecido.
Entretanto, um procurador da República conta que viu três cavaleiros e uma amazonas vindo na direção da Praça dos Três Poderes. Todos têm o semblante vermelho de raiva. Os cavalheiros coçam a língua. Um deles, Rocha Loures, arrasta uma mala. Um segundo, Lúcio Funaro, revisa anotações. O terceiro, Eduardo Cunha, carrega uma placa: "Juízo Final, já!" E Dilma Rousseff, a amazonas, balbucia incessantemente: "A história se repete…!"
Difícil saber como será o fim dos tempos. Mas um ministro jura que sonhou que Temer estava num dos janelões do gabinete presidencial quando viu as nuvens se repartirem sobre o Planalto. Surgiu do céu, num cavalo alado, o Rodrigo Maia. Dizia coisas desconexas. Mas Temer conseguiu decifrar uma frase antes que o chão de Brasília se abrisse: "Não sei como Deus me trouxe até aqui." E o apagão iniciado no Senado se espalhou pelo país.
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