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Josias de Souza

Para ajudar Temer, Eunício convocou o Congresso para a manhã de segunda

Josias de Souza

12/07/2017 05h07

Numa tentativa de socorrer Michel Temer, o presidente do Congresso, Eunício Oliveira, convocou sessão conjunta de senadores e deputados para as 10h de segunda-feira. Na pauta, a votação da LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com seu gesto, Eunício tenta impedir que os deputados viajem para os seus Estados. Age em combinação com o Planalto, que se esforça para garantir o quórum para a votação da denúncia contra Temer no plenário da Câmara nesta sexta-feira (14).

Temer corre contra o relógio para evitar que a votação da denúncia que o acusa de corrupção fique para depois do recesso parlamentar. O Congresso deve desligar suas fornalhas na terça-feira, retornando apenas em agosto. Temer receia que até lá sejam penduradas nas manchetes novas delações tóxicas —entre elas a do correligionário Eduardo Cunha, dono de segredos insondáveis sobre a roubalheira do PMDB. Daí o esforço do Planalto para sepultar rapidamente a denúncia da Procuradoria, evitando o Supremo Tribunal Federal investigue Temer.

O problema é que, antes de chegar ao plenário, a denúncia precisa ser votada na CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça. E o presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco, embora seja filiado ao PMDB de Temer, dá de ombros para a pressa do inquilino do Planalto. Ele firmou com os partidos um acordo para que 162 deputados discursem na CCJ. Se todos falarem, a discussão sobre a denúncia consumirá 40 horas.

O palanfrório pode empurrar a votação na CCJ para sexta-feira, frustrando o desejo de Temer de sepultar a denúncia no plenário da Câmara antes do final de semana. A milícia legislativa de Temer, renovada pela troca de potenciais traidores por governistas vitaminados com cargos e emendas, tentará apressar o passo. Mas Rodrigo Pacheco não parece disposto a encurtar o debate. Acionado por Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se finge de morto.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.